
Há vinte anos fiz uma viagem de carro Lisboa – Porto com o José Mário Branco, rumo a um espetáculo comemorativo dos 25 anos do 25 de Abril chamado “As Margens da Alegria”. Depois de uma semana de ensaios era a primeira vez que tinha a oportunidade de lhe dizer que adorava a sua música e que sabia de cor todas as letras de pelo menos três álbuns. Mas faltou-me coragem e não lhe disse nada. Durante a viagem conversou-se sobre Fernando Lopes-Graça, o Camané, Leça da Palmeira, os azulejos da Estação de S.Bento, a poesia de Antero… Foram duas semanas de trabalho em que cada minuto foi uma lição. Creio que as fotos dessa digressão se terão perdido no incêndio que destruiu a antiga sede do Tocá Tufar e nunca escrevi as minhas memórias desses dias. Por isso, quando eu morrer, essas memórias irão comigo. A música do Zé Mário ficará para sempre e o Carvalhal será sempre nosso.
Sofia Borges
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Uma das músicas tocadas nessa comemoração foi “Eu vi este povo a lutar (Confederação)” do álbum “Ser solidário”, com instrumentos musicais tradicionais portugueses.